Um vazio urgente
imponderável
Em véspera de solidão
Veio viver naquela rua
E pelos corredores dos relógios
Emerge um tempo
Que se agiganta
esmaga a memória dos passos
E gota a gota
Apaga perfumes
E presenças.
Transversalmente
As outras ruas
Paralelas
Ao acaso
Vidas dispostas
Em ângulos rectos
Diametralmente opostas
Ao senso comum
E em espiral ascensão de morte
As ruas mais próximas são gargantas escuras
Sem voz
Matizadas aqui e ali pelo sol fugidio das tardes claras
De primavera
Onde as crianças já não brincam com carrinhos de tracção.
De tempo a tempos ouvem-se passos de um andar apressado
Na calçada de pedras luzidias
Que se afastam
Deixando que o deserto pese nas esquinas
Enquanto as folhas da amoreira são abanadas
pelo vento do silêncio.
Ao mesmo tempo
terrivel
Ao mesmo tempo
Indiferente
Eme
imponderável
Em véspera de solidão
Veio viver naquela rua
E pelos corredores dos relógios
Emerge um tempo
Que se agiganta
esmaga a memória dos passos
E gota a gota
Apaga perfumes
E presenças.
Transversalmente
As outras ruas
Paralelas
Ao acaso
Vidas dispostas
Em ângulos rectos
Diametralmente opostas
Ao senso comum
E em espiral ascensão de morte
As ruas mais próximas são gargantas escuras
Sem voz
Matizadas aqui e ali pelo sol fugidio das tardes claras
De primavera
Onde as crianças já não brincam com carrinhos de tracção.
De tempo a tempos ouvem-se passos de um andar apressado
Na calçada de pedras luzidias
Que se afastam
Deixando que o deserto pese nas esquinas
Enquanto as folhas da amoreira são abanadas
pelo vento do silêncio.
Ao mesmo tempo
terrivel
Ao mesmo tempo
Indiferente
Eme
[Imagem de João Parassu]