quarta-feira, 4 de junho de 2008

Amanhã


Estás de costas para o mar.
Um vento denso
Cortado a cinzento escuro
Anuncia temporal.
Esta neblina submersa
Este frio cortante
De querer ficar
De querer ir embora.

Apetece este sofrimento imenso
Apetece o medo das ondas
que se levantam
em ritual pagão
apetece este canto de sereia
dorido.
Apetece esta chuva sem águias
Sem céu.

Aqui sou tantas:
Sou felicidade absoluta
sou requebro de tango
Sou grito doentio
Sou mentira imposta
Sou verdade incerta
Sou a indiferença da pedra molhada.

Sou a outra parte
Da parte que me viraste do avesso.

Sou o caminho de ir
De ficar semente e voar
Neste silencio cúmplice.
Quando te emerges do impossível
Qual rio descontrolado
Sem margens
Sem rumo
E vazas em mim.

Em mim que sou indigna desta chuva que cai.


Eme

Sem comentários: