segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sede


Pudesse eu beber-te os olhos
E a sede teimava-me na garganta.

Em dias de Estio dourado
Quando a frescura do teu olhar
Escorre a gotas no meu peito
e eu sonho o oásis aqui perto
tão perto, que basta estender a mão
fazer concha
e beber-te.
Devagar.

Ou quando o verde límpido e claro dos teus olhos
qual prolongamento do mar
Atravessa as pontes
Rasga o nevoeiro das ausências
E as saudades da pele
Ou os dias contados um a um
Ou quando preparas nos gestos matinais
A surpresa de logo.

É desse verde que falo
Desse verde que se espraia devagar
Que abre em mim desejos de tempestade
Quando sorris
Quando me olhas
E eu já não sei bem, se cheguei
Se fui,
Ou se ceguei, naquele instante.

Mas fico ali

naquele espaço etéreo
Entre a vida e a não vida.
Como quando te tenho
Dócil e viril
Como quando te prendo
Entre as minhas pernas
Frágil
Latejante
Ingénuo e ébrio.

Como quando te bebo e a minha sede aumenta, em cada gole de ti.


Eme

2 comentários:

Luis Beirão disse...

Muito lindo.
Gostei bastante mesmo!

Bjs,
Luis

Marca de Água disse...

Grata pela visita...grata pelo comentário...
Beijos