domingo, 1 de junho de 2008

Caixa de Jóias

Lembro-me de um dia
em que disseste que querias tatuar uma letra do meu nome
Outra do teu.
Daquele ano que não acabou
E que continua no dobrar dos dias
No chão que piso quando acordo.

Ou fui eu que disse?
Não sei
Mas lembro-me desse dia

Foi quando te disse que dissemos tudo
Pisando as pétalas
Sublinhando a branco luz as duas letras

A minha.
E a tua.

Confundido o céu com as poças de água.
Naquela abraço quente
longo
De último verso de poema
Foi quando te disse
Que era o frio das tuas mãos nas minhas
Que lavava o pó do meu caminho.
E não ouviste.

As duas letras ainda lá estão
Tatuadas no peito
fechadas na caixa de jóias.
Misturadas com ouro de lei.

Para serem soletradas
Quando te lembrares
Em que lugar nós a escondemos.
Dos outros.


Eme

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