sexta-feira, 27 de junho de 2008

É este o momento


Mas há um momento em que vês
essa razão.
Esse labirinto de habitar o efémero
o acolher do adeus
o minuto de jogar
instante em que perdes e ganhas

Quando dizes ao peito
o regresso do vazio
Um vazio frio
liquido
volátil
impresso a cubos de gelo
no sangue.

Como se o corpo tivesse essa fragilidade
perfeita
e contudo tão imperfeita
sujeita às leis
dos sete elementos
nesse flagelo doce
da espera,
do jogo e da dança
e no engolir pleno
da descoberta.

Assim como
Tu não o merecesses
O Amor
e os frutos sumarentos
na ponta da língua.
Nem
no contorno redondo
do encontro
nem o recomeço da angústia
na certeza da maré incerta.
ou
como se o amor
nao criasse raízes na terra
quando chove ao fim da tarde.

E é precisamente nesse silêncio de contenção
Que sentes que estás
vagarosamente
a cair
da torre mais alta da tua cidade.

Eme


[Imagem de Alicina Mil-Homens]

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