segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
sexta-feira, 29 de maio de 2009
faz-me tão bem este abandono
que vai desde essa luz quente até ao vento na janela
depois das tempestades
este navegar de estação distante
este gozo repetido
na manha apetecida
bordada de mudez
quando um beijo é só uma paisagem eterna
e o som interior e quente
da luz indirecta
espreita a pele da tua nuca
no feitiço da língua em verso
quando eu sou sou maga de inversos
adversa das luas em prosa
escritas a mar de dentro
e riscadas na sombra das flores
amante de sílabas proibidas
quando a noite toda lateja dentro de mim
no suor que corrompe o espelho
na saudade cinza salpicada de sal e água
num silêncio populosamente insuportável
feito de raiva incontida
feito de raiva incontida
tristeza azul que me arranha a alma
e o ponto de fuga
ou a linha de comboio que termina onde os dedos pisam as uvas
o sobressalto
o limite
Eme
Imagem: Closer_by_ranp101
( in deviantART )
sexta-feira, 1 de maio de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
só quando a preguiça se estende
lasciva e lenta
na areia morna
é que eu salto
da última gota de chuva
pintada de pétalas abertas
lasciva e lenta
na areia morna
é que eu salto
da última gota de chuva
pintada de pétalas abertas
neste sabor salgado
que ainda me escorre
de baixo para cima
nesta véspera de raiz
os infinitos de céu e de água
num rebuliço de cinturas
que ainda me escorre
de baixo para cima
nesta véspera de raiz
os infinitos de céu e de água
num rebuliço de cinturas
a viagem das bocas entreabertas
neste absoluto declive
da memória
neste absoluto declive
da memória
moldura de musgo
feito em gomos de língua
mastigando os dias
prendendo entre os dentes
o aroma da entrega
mastigando os dias
prendendo entre os dentes
o aroma da entrega
é sempre o teu fogo
que me afoga
que me afoga
nesta réstea de lua
no incêndio do céu
do teu grito desavindo
nessa chama com cheiro de asa
que me imigra no enredo da escada de ferro
no incêndio do céu
do teu grito desavindo
nessa chama com cheiro de asa
que me imigra no enredo da escada de ferro
quando a boca pede o gosto de ferida aberta
suspensa
quando o corpo se cansa e descansa
sãos sempre os teus nunca que eu grito no vazio
e é o teu corpo que eu derreto nas minhas veias
amor
Eme
Imagem: Foto de Alexander Kharlamav
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
grito de veias
medula de sangue
jogo
um xadrez de corpo e pele
decifro os teus códigos,
sem nunca somar os meus segredos
inventamos sorrisos
e volúpias
embrulhados na nudez
que fecha à chave os mistérios que se condensam no meu gemido
medula de sangue
jogo
um xadrez de corpo e pele
decifro os teus códigos,
sem nunca somar os meus segredos
inventamos sorrisos
e volúpias
embrulhados na nudez
que fecha à chave os mistérios que se condensam no meu gemido
afasto incertezas e enrolo carícias no teu peito
vocalizo urgência
num ritual de sentidos
no limiar do chão
nos dias do mar de escarpas
nas tardes
que são dias até de manha
o arrepio da luz na tua loucura entre dedos
onde conservo esta chuva de girassóis
neste espaço-vivido
perfume
desejo
sucedâneo
do festim que irrompe na alma
quando descubro um navio
que escondes atrás do alentos dos minutos breves
na “hora marcada”
e no deslizar indecente da vertigem
infinita
indefinida
constante
cúmplice
Eme
Imagem: "Cumplicidade"
de Cátia Rod.
há um silêncio azul do tamanho do medo
quando o teu querer fica á espera do vento
dobrando um a um os cansaços da noite
quando o teu querer fica á espera do vento
dobrando um a um os cansaços da noite
porque trazes dentro de ti as tempestades
e nem sabes que deixas um incêndio atrás de ti
neste acordar nas horas da cotovia
neste vício de luar
entre pernas e seios
um quintal aberto de marés vivas na pele
pressinto devagar os rascunhos da tua véspera
superlativa
obsessiva
obscena
nas raízes do momento que te sufoca a garganta
só eu sei que não sou quando tu és
Eme
domingo, 14 de dezembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
em fim de tarde de um domingo frio
e eis que sou margem de rio
na ponta do pincel
estilete de tinta
a tinta azul escura
escuro o azul
azul a dança
inventada num tempo sem pressa
quando visto o meu corpo com a tua ânsia
e me encharcas no teu suor
entardecido
anoitado
depois é esta fogueira que me dança salgada na carne
um gozo secreto e agudo
que dói
atrás do vento
que vem de dentro da alma
que se acetina debaixo da pele
na voragem da boca entreaberta
no travo de língua
sabor da sede com chocolate
ou este morrer de fome nas pontes
do abismo
à beira do Limbo
e eis que sou margem de rio
na ponta do pincel
estilete de tinta
a tinta azul escura
escuro o azul
azul a dança
inventada num tempo sem pressa
quando visto o meu corpo com a tua ânsia
e me encharcas no teu suor
entardecido
anoitado
depois é esta fogueira que me dança salgada na carne
um gozo secreto e agudo
que dói
atrás do vento
que vem de dentro da alma
que se acetina debaixo da pele
na voragem da boca entreaberta
no travo de língua
sabor da sede com chocolate
ou este morrer de fome nas pontes
do abismo
à beira do Limbo
presa na linha do chão
nesta-ferida absoluta que saro na tua pele
e se agiganta
quando renasce essa sonata
que compões
cada vez que a ponta dos teus dedos
nesta-ferida absoluta que saro na tua pele
e se agiganta
quando renasce essa sonata
que compões
cada vez que a ponta dos teus dedos
me toca
devagar deslizo na tua chegada de murmúrios
sem sabermos quando
devagar deslizo na tua chegada de murmúrios
sem sabermos quando
e se
outra vez
outra vez
nesta delícia de dúvida constante
suspensa
no céu aberto
e no sopro quente da nuca
Eme
Imagem: Dancers in Blue
de Edgar Degas
existe um lado sombrio em cada esquina
uma solidez de silêncio
que persiste
um jogo viciado
invisível
uma solidez de silêncio
que persiste
um jogo viciado
invisível
quando não não sabemos onde guardar
o que ficou
da ânsia dos nós dos dedos
dos sorrisos atrás da janela meio fechada
dos versos que não acabam mais
dos sorrisos atrás da janela meio fechada
dos versos que não acabam mais
o vazio do mar
e a tristeza cortada ao meio
quando o tempo nos engole
e nos leva
para lá do absurdo
e das historias que inventámos
naquele instante em que o sol se esconde
e contudo nao é noite ainda
esta claridade anónima
doentia
impossível
será que ainda sentes meu amor as pedras que te magoam os pés ?
é neste remissão de volta
nesta vertente das ondas vazias
onde o que mais dói é o sorriso que não assoma
onde o que mais dói é o sorriso que não assoma
um ser incerto
ou um pássaro preso
porque tudo volta com o teu nome escrito a sombras
na raiva branca assumida
apunhalada
numa memória insinuada a cinzento
ou nesta demência previsível
não tarda que chova
Eme
Imagem: Edward Munch
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
acordas dos dias de branco
quando te desenhas aqui
de frente para mim
olho-te com sons quentes
a óleo
e os silêncios desprendem-se soltos
na humidade dos dedos
em toques tangentes de fúria
e desejo
devagar
afogo mistérios em esperas rasgadas
nos gestos escancarados de gatos
um cio de água fria
gemidos de garras
num desejo ávido de penumbra
condenso-me no teu abraço
enquanto me afundo no teu verso de mel
aguado
latente
nesse tango vadio
com que desabotoas a minha noite
de amores
e de desamores
é a imensidão do verde do teu olhar
que me inflama as horas
e a garganta
no deleite dos sussurros roucos
indecentes
presa numa confusão de ancas
de artérias
de asas
quando me deixas ébria
sem saber se fujo daqui
ou se te peço mais
mais
e mais
Eme
quando te desenhas aqui
de frente para mim
olho-te com sons quentes
a óleo
e os silêncios desprendem-se soltos
na humidade dos dedos
em toques tangentes de fúria
e desejo
devagar
afogo mistérios em esperas rasgadas
nos gestos escancarados de gatos
um cio de água fria
gemidos de garras
num desejo ávido de penumbra
condenso-me no teu abraço
enquanto me afundo no teu verso de mel
aguado
latente
nesse tango vadio
com que desabotoas a minha noite
de amores
e de desamores
é a imensidão do verde do teu olhar
que me inflama as horas
e a garganta
no deleite dos sussurros roucos
indecentes
presa numa confusão de ancas
de artérias
de asas
quando me deixas ébria
sem saber se fujo daqui
ou se te peço mais
mais
e mais
Eme
Imagem: "Contemplação" de Renato Zorzenon
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