existe um lado sombrio em cada esquina
uma solidez de silêncio
que persiste
um jogo viciado
invisível
uma solidez de silêncio
que persiste
um jogo viciado
invisível
quando não não sabemos onde guardar
o que ficou
da ânsia dos nós dos dedos
dos sorrisos atrás da janela meio fechada
dos versos que não acabam mais
dos sorrisos atrás da janela meio fechada
dos versos que não acabam mais
o vazio do mar
e a tristeza cortada ao meio
quando o tempo nos engole
e nos leva
para lá do absurdo
e das historias que inventámos
naquele instante em que o sol se esconde
e contudo nao é noite ainda
esta claridade anónima
doentia
impossível
será que ainda sentes meu amor as pedras que te magoam os pés ?
é neste remissão de volta
nesta vertente das ondas vazias
onde o que mais dói é o sorriso que não assoma
onde o que mais dói é o sorriso que não assoma
um ser incerto
ou um pássaro preso
porque tudo volta com o teu nome escrito a sombras
na raiva branca assumida
apunhalada
numa memória insinuada a cinzento
ou nesta demência previsível
não tarda que chova
Eme
Imagem: Edward Munch
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