sexta-feira, 14 de novembro de 2008


existe um lado sombrio em cada esquina
uma solidez de silêncio
que persiste
um jogo viciado
invisível


quando não não sabemos onde guardar
o que ficou
da ânsia dos nós dos dedos
dos sorrisos atrás da janela meio fechada
dos versos que não acabam mais


o vazio do mar
o esquecimento torpe do frio
e a tristeza cortada ao meio
quando o tempo nos engole
e nos leva
para lá do absurdo
e das historias que inventámos

naquele instante em que o sol se esconde
e contudo nao é noite ainda
esta claridade anónima
doentia
impossível

será que ainda sentes meu amor as pedras que te magoam os pés ?
é neste remissão de volta
nesta vertente das ondas vazias
onde o que mais dói é o sorriso que não assoma

um ser incerto
ou um pássaro preso
porque tudo volta com o teu nome escrito a sombras
na raiva branca assumida
apunhalada

numa memória insinuada a cinzento
ou nesta demência previsível

não tarda que chova


Eme
Imagem: Edward Munch

Sem comentários: