quarta-feira, 29 de outubro de 2008


acordas dos dias de branco
quando te desenhas aqui
de frente para mim

olho-te com sons quentes
a óleo
e os silêncios desprendem-se soltos
na humidade dos dedos
em toques tangentes de fúria
e desejo

devagar

afogo mistérios em esperas rasgadas
nos gestos escancarados de gatos
um cio de água fria
gemidos de garras
num desejo ávido de penumbra

condenso-me no teu abraço
enquanto me afundo no teu verso de mel
aguado
latente
nesse tango vadio
com que desabotoas a minha noite
de amores
e de desamores

é a imensidão do verde do teu olhar
que me inflama as horas
e a garganta
no deleite dos sussurros roucos
indecentes
presa numa confusão de ancas
de artérias
de asas

quando me deixas ébria
sem saber se fujo daqui
ou se te peço mais
mais
e mais

Eme


Imagem: "Contemplação" de Renato Zorzenon

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
Só para dizer que andei a navegar pelo teu blogue. Aodrei alguns dos poemas.

Beijos
Fred

http://minha-vida-secreta.blogspot.com

Anónimo disse...

Ler-te é chegar ás nuvens e ficar lá a olhar-te.