quarta-feira, 29 de outubro de 2008


saído de coisa nenhuma
um verde em forma de luz
nasce devagar
insinua-se
ganha contornos
este tormento de ficar e querer sair
um grito calado de vento
quando ninguem responde
na violência árida das cores de Frida Kahlo

a saudade da poeira suspensa no sol
uma vontade de estar
com o silêncio das noites sonolentas
um verde que anuncia solstício
de quem não tem medo de novembros
ou a ampulheta de gelo
nesta dor invertida
em forma de pêra

este fermento verde que cresce
que acentua o frio
levedando o espaço
um sentir que distorce o tempo
insinuante
apressado
invasivo
insolente

Eme


Imagem de António Rocha

Sem comentários: