terça-feira, 14 de outubro de 2008


no rastilho de espera
a espiral de palavras
uma ideia de instante que não passa
permanente
doente
com cheiro de pó

um tempo impreciso
nos poemas que emudecem as mãos
um momento irreal
que não aconteceu
e só vive no segredo que eu parti em migalhas
em pontos
vazios

quando apertei as esperas
num calar das duas mãos
primeiro uma
depois outra
neste suor de calma aparente
de dizer:
"quero-te”

sem areia entre os dedos
um soluço sufocado
neste saciar de cansaço
de quem não teme
a marca do fogo
impresso a cinza nas penumbras do corpo

mas só ficou o vento
estranhamente quente
e o azul
demoradamente
azul

Eme
Imagem: Pintor a la Luna. 1917. Marc Chagal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como deve ser bom ter o teu amor.
Sinto-o. Beijo-te.