terça-feira, 1 de julho de 2008

Um Mar dado nas mãos



Não sei se eu te pedi
Ou se pensei em voz alta:
“mais do mesmo”

Mas não
“mais no do mesmo”
não
Mas mais de mais

Quero dar-te mais
Mais que esse Mar que tu me deste

Quando a tuas mãos se enterraram na areia
Numa viagem rasgada
de pele e de veias
Eu esteira de universo
em vendaval de êxtase
à porta do grito e da lágrima
Em chão de fúria
adiada
Nesse universo ceifado de mágoa e de sal

Que sabor de navio te posso dar agora ?

Se o teu gosto ficou em mim
numa promessa de rios
no arrepio de pecado
de nascentes inteiras.
Num mar que me afogou
em gemidos
pelas tuas mãos
ao mesmo tempo presas
ao mesmo tempo livres.

Quero pintar a claridade do teu nome
em desígnio azul prata
selvagem e transparente
na minha corrente sanguínea.

Chamar-te deus infame
no rasgar do chicote.

Naquela secreta indecência
Que tu sabes de cor.


Eme

3 comentários:

Paulo Afonso Ramos disse...

Belo poema, como belo é este espaço que desconhecia.
Voltarei.
Obrigado pela partilha.
Abraço

Marca de Água disse...

Paulo,
Volta sempre.
:)

Marca de Água disse...
Este comentário foi removido pelo autor.