terça-feira, 1 de julho de 2008

coisas de Tristeza


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Não quero falar desta tristeza
Que me cobre
Como manto cinzento
Que me segura e me aquece
Se eu falar
Deslaça
E evapora
E depois não tenho como chorar

Com versos submersos na água das noites
Prefiro escrever
Sobre a dor
Desfio o desencanto
Que agoniza
Breve e excessivo
Nas sombras esbatidas
Que me dançam nos olhos

A náusea
de sentir este peso de estar
De ser
Culpada de todos os crimes de beira de estrada
Serena nas ausências que senti
Surda-muda nos ruidos do silêncio
Passiva na morte da andorinha negra
(tambem ela irreverente nos dias bebidos
na aventura).

Culpada de todos os beijos que não dei
Culpada das dores que fingi
Culpada porque não virei o tempo para trás
Para alinhar o quadro com os outros quadros da parede.

Porque eu estive sempre lá
Sempre
ali mesmo
na raiz do desencontro.

E tudo o mais que eu sinto
E tudo o mais que eu não digo
E tudo o mais
que não há como o escrever.
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Eme

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