quarta-feira, 9 de julho de 2008

estátua de sal


há um mistério de miragem
espreitando o mar nocturno
no auge do cálice

um tempo gasto de meia luz
uma claridade cega
ébria de carícias
imperceptíveis
adivinhadas
lascivas

ou as tuas mãos disfarçadas de conchas
olhos famintos de enigmas
num casual calafrio de silêncio

é esse teu cheiro de agora
esse toque de ânsia
com gosto de vinho quente
sonolento
sem pressa
deslizante
que limita o meu mundo: Estátua Acesa
De sal.

suspensa
num infinto de pétalas rubras
num roçar de faíscas
esculpida a cinzel
de gozo

e nascem caudais de rios
e aromas de maresia

na ordem natural de paredes brancas
nas sombras
da entrega por inteiro

são as tuas mãos que pouco a pouco
me vão fazendo
naquilo que sou


Eme

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma estátua de sal que se derrete...
Este poema é lindissimo.
Um beijo enorme
Ricardo