sexta-feira, 11 de julho de 2008

luar de meia lua



ele não viu a noite nebulosa
nem o frio que apertou as casas
e fechou as portas
nem os soluços de água
de dor
nos olhos

o abrir da noite
o escuro
o apagar apressado da chama
na dança do vento breve
na memória da retina
no abraço demorado das estrelas
na despedida

esta náusea cansada do sossego de tudo
este rolar de coisa nenhuma
no centro da noite
os passáros que dormem
á espera de nós
para acordar a manhã
as asas que partem
para sempre
porque (nós sabemos) nunca se volta

Que pena não teres visto a lua
com o silêncio a cair-lhe das mãos

Nas vozes da noite
ficou o cheiro da vela ardida
em dedos de cera
na beira da paleta
de cinzentos mate
com que pintaste o céu de melancolia

Onde estás e que noite é esta que tudo escurece ?

Eme
(imagem de António Cardoso)

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