sexta-feira, 11 de julho de 2008

a dor das horas tardias

dói-me o corpo de te querer

trago a tua voz rouca
enrolada nos meus cabelos
quando do sal que me aflora aos poros
se faz sangue

nas horas das tardes dentro das noites
esperadas
quando me tens
selvagem
cabra e casta
e me completas
e me fazes uma só

muito mais do que te quero
em escala de subida íngreme
sou desígnio de flor aberta
em ferida exposta
num misto de êxtase
grito e dor
ternura e cetim branco

queria-te agora em mim
mesmo sabendo que ficaria incompleta
mesmo sabendo que quanto mais te tenho mais te preciso
na forma dos contornos
quando os gestos doem
no latejar das tuas veias
nesta lucidez
imprecisa e inútil
de saber porque te quero tanto

( de que adianta sabe-lo se não deixo de te querer ? )


Eme

4 comentários:

Anónimo disse...

Como eu daria o "poema" que ainda não escrevi, para neste momento existir alguém que me gostasse assim...
Um beijo,
joão rasteiro
P.S. - agradeço a passagem pelo "No Centro do Arco" - aguardo novas espreitadelas.
j.

Pedro disse...

belo

o fim é sublime:

"nesta lucidez
imprecisa e inútil
de saber porque te quero tanto"

belo

Anónimo disse...

"queria-te agora em mim"
...
E eu ñ ser de melhor sitio para se estar.
Adoro-t
M

José Pires F. disse...

Umas vezes forte, outras suave, outras de uma agudez certeira, fazem-no um excelente poema.

Bem, o primeiro verso, marca-lhe de imediato o ritmo e o gosto.

Gostei.