quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ainda faltam as perguntas para além do olhar


chamei-te quando as raízes do tempo
não abriram o chão
no teu peito
no fim da estação dos medos
no fim das janelas abertas

de olhos tristes
traduzias as letras
de esperas
no espanto dos gatos
num corpo perfeito
sem manhãs de amanhãs
sem madrugadas de ontem

dizemos das agruras desse tempo
e como são agudas
agora
as pedras do caminho
mas o que posso eu fazer
se me perdi de ti ?

iludimos a palavra à força de a calar
no sentido do retorno
estendeste-me uma raiz encoberta
agora que eu já parti desse cais
não sei onde deixei as respostas
não sei o que fazer com este mar
que te pedi ontem.
Não sei.

só ficou um olhar à espera da resposta
uma resposta qualquer
monossilábica
indecifrável
uma vertigem felina
aberta à pastagem de um campo minado

só nós sabemos
essa força das coisas que não dizes


Eme

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