quarta-feira, 30 de julho de 2008





choveu tanto naquele tempo
ainda assim eles continuam com os pés secos
a boca seca
a alma morta

um fermento de angústia
uma dor a latejar
no cerne do tumor
a purgar sangue
e pús

numa ferida calada
numa condição
plena
saturada
submissa
na fome do corpo
na sede da carícia
doentia
tão desesperada
de um tempo sem duvidas ou nós de dedos

que falta lhes faz agora
o grito
que vinha dos sentidos que desabavam
noutras coisas
paradas no espanto
suspensas dos dias sem retorno

porque tudo era verdade
demasiadamente verdade
que o sangue deles escorria em gotas
espessas
nos trilhos da neve branca
na ferida das feridas
e eles nem sabiam
que foram mortos pelo coração

Um de cada lado,
obviamente.




Eme




Sem comentários: