em fim de tarde de um domingo frio
e eis que sou margem de rio
na ponta do pincel
estilete de tinta
a tinta azul escura
escuro o azul
azul a dança
inventada num tempo sem pressa
quando visto o meu corpo com a tua ânsia
e me encharcas no teu suor
entardecido
anoitado
depois é esta fogueira que me dança salgada na carne
um gozo secreto e agudo
que dói
atrás do vento
que vem de dentro da alma
que se acetina debaixo da pele
na voragem da boca entreaberta
no travo de língua
sabor da sede com chocolate
ou este morrer de fome nas pontes
do abismo
à beira do Limbo
e eis que sou margem de rio
na ponta do pincel
estilete de tinta
a tinta azul escura
escuro o azul
azul a dança
inventada num tempo sem pressa
quando visto o meu corpo com a tua ânsia
e me encharcas no teu suor
entardecido
anoitado
depois é esta fogueira que me dança salgada na carne
um gozo secreto e agudo
que dói
atrás do vento
que vem de dentro da alma
que se acetina debaixo da pele
na voragem da boca entreaberta
no travo de língua
sabor da sede com chocolate
ou este morrer de fome nas pontes
do abismo
à beira do Limbo
presa na linha do chão
nesta-ferida absoluta que saro na tua pele
e se agiganta
quando renasce essa sonata
que compões
cada vez que a ponta dos teus dedos
nesta-ferida absoluta que saro na tua pele
e se agiganta
quando renasce essa sonata
que compões
cada vez que a ponta dos teus dedos
me toca
devagar deslizo na tua chegada de murmúrios
sem sabermos quando
devagar deslizo na tua chegada de murmúrios
sem sabermos quando
e se
outra vez
outra vez
nesta delícia de dúvida constante
suspensa
no céu aberto
e no sopro quente da nuca
Eme
Imagem: Dancers in Blue
de Edgar Degas